(29-09-2013) Anotações sobre o crescimento das nossas comunidades

Texto originalmente publicado no blog “Parahyba Pagã” em 29/09/2013. Mantivemos a redação original, caso hajam novos comentários estes aparecerão entre chaves [] no texto.

conkersvikings

Saudações!

1. Considerando que o Paganismo não nutre nenhuma tendência séria para o proselitismo religioso nem para o marketing de conversão, o crescimento numérico (que deve, necessariamente, refletir o crescimento qualitativo) de fiéis se dará de modo diverso ao que presenciamos nas religiões de um livro só. Outro ponto importante, ao menos para as religiões pagãs de cariz mais tradicional ou Reconstrucionista, reside na compreensão diversa da importância e papel da fé pessoal na experiência religiosa, isto desmerece quase que por completo algum possível papel que um “testemunho” desempenharia, assim como os recursos todos de sentimentalismos diversos (tão importantes no Cristianismo, por exemplo) [o caso dos “testemunhos” não era raro no mundo greco-romano, ao menos no quesito do culto das divindades salutíferas e associadas a Medicina].

Não se pode partir dos mesmos pressupostos ao se especular sobre o crescimento e solidificação das religiões étnicas indo-europeias no país. O crescimento tenderá muito mais a estar relacionado a fatores como crescimento orgânico (e demográfico – ou seja, um discurso pró-família, ou ao menos “pró-filhos”, de modo responsável é bem vindo) das comunidades religiosas, surgimento e solidificação de instituições representativas, etc. E muito menos com “conversões” em si.

2. Uma vez considerando isto, a grande meta dos diversos e desconexos grupos religiosos e indo-europeus étnicos deveria ser investir numa comunidade mais sólida, mais integral e sistemática, de modo favorecer o surgimento de instituições e ideais sólidos, poderosos, de uma elite intelectual altiva, de fieis leais e de uma organização interna robusta. O modelo a Natureza oferece, assim como a própria História dos nossos antepassados religiosos nos auxilia. É bom lembrar sem raízes sólidas, não se sustentará o arvoredo mais florido e diversificado que seja – eis a importância do Tradicionalismo mesmo para os não tradicionalistas, e a visão geral de que nossas fileiras devem crescer qualitativa e quantitativamente, de modo autônomo e seguro.

3. A visão de um crescimento via aumento demográfico soa alheia para muitos, pois acreditam que somente “conversos” ao paganismo são a via do futuro e/ou que a educação de seus filhos numa religião específica é algo ‘retrógrado’, uma vez que os mesmos devem decidir por si no futuro, se subscrevem ou não a uma religião (e se a dos pais, especificamente) por atenderem ao principio liberal da liberdade de escolha religiosa. No meu ver, isto consiste numa opção desvantajosa. Receber apenas “conversos” é delimitar consideravelmente o acesso das pessoas, além de fortalecer um aspecto indesejável (o “marketing” ou maneiras sutis de proselitismo) e altamente desalinhado com o passado histórico das religiões étnicas Indo-Europeias (onde “nascer” nelas – bem mais que se converter – era a regra).

Já a educação baseada no princípio de livre escolha religiosa trás consigo os problemas práticos que já apontamos ao tratarmos do laicismo: os pais, por mais que não optem por doutrinar os filhos, na prática, permitirão mais ainda que a sociedade os doutrine (“cristocentricamente”); além de que poderão prejudicar a formação do caráter da criança, seja pela omissão do ensino positivo de virtudes (religiosas) tradicionais indo-europeias, seja pela omissão na formação de uma visão de mundo. Daí, minha sugestão de que devemos apoiar a bandeira do laicismo externamente [como escudo a nos proteger contra agressões externas], mas apoiar a bandeira da educação religiosa internamente – não por hipocrisia, como é fácil perceber, mas por estratégia, pelo contexto atual e visando o bem/melhora de nossas próprias comunidades religiosas. É importante frisar, para evitar interpretações mais débeis, que uma educação religiosa não impede que os filhos, posteriormente, mudem sua inclinação ou opção religiosa (ou falta dela) – o exemplo óbvio se pode verificar olhando ao redor: muitos são os que, apesar de haverem recebido uma educação X (por exemplo, “católica”), terminaram optando por não-X (não serem católicos). Ou seja, uma educação religiosa de base não invalida, a priori, o princípio de livre escolha religiosa posterior, apenas adia (uma vez que tal escolha, pressupõe maturidade espiritual) e diminui os riscos de formação “do nada” (niilista e imerso no vazio consumista reificado).

4. Mas tal investimento, pela sua própria natureza, é dependente de um mais amplo e primeiro: o da formação cultural (que o grego chamaria de paideia), de uma espécie de projeto civilizacional. Daí que, se temos de pensar em frentes de operação, e mesmo se estamos dispostos a admitir que nossa taxa de natalidade conta, sem a “frente cultural”, não haverá “avanço”. É mister, pois, investir algo do nosso esforço para a construção de um todo cultural significativo, ou ao menos, propriamente “nosso”. E há várias maneiras de se fazer isto.

5. Considerando que a natureza humana é diversa (princípio da desigualdade natural), e que tal diversidade é por nós concebida tradicionalmente de modo tríplice (Trifuncionalidade Indo-Europeia, ou quadrúplice – considerando outras interpretações), é razoável crer que a qualidade da contribuição de cada um estará sujeita a adequação de sua natureza com sua área de atuação/formação.

6. A princípio, é de se esperar que cada religião étnica indo-europeia trabalhe, também, internamente para seu próprio crescimento e fortalecimento, além do alcance do que almeja, consciente ou não, como sendo seus objetivos. Neste sentido, cada fiel contribui com seu quinhão, uns contribuirão com a mente e a intuição, outros com o peito e a vontade, outros com os braços e produtos artesanais. Haverá contribuições melhores que outras, naturalmente, mesmo em cada um destes níveis. Assim como haverá coisas que se passarão por contribuições positivas, mas que depois se verificará que sejam, ao contrário, negativas. Isto é parte da dinâmica do que é vivo e algo, de certa forma, previsível. A questão é que além destes projetos (independentes) em andamento internamente (para cada religião em separado), pode-se haver um projeto mais amplo.

7. Há um caminho instrumental já apontado, faz 30 anos ou mais. Apontado na França e pensado numa dimensão política, mas aberta ao religioso. Refiro-me a Novelle Droite francesa, ao esclarecimento do “combate” cultural, da inauguração de uma Nova Cultura, do gramscismo de Direita (combater Gramsci com Gramsci) [Me referia a técnica, não a adoção ideológica completa]. No nosso caso, se trata de oferecer à comunidade religiosa opções culturais pagãs sistemáticas para estes tempos de modo a aprofundar e embasar a vivência cotidiana. Não se trata de um projeto de domínio “totalitário”, de um “aparelhamento” no sentido político [ao contrário do “gramscismo”], mas de uma solidificação de espaços próprios – que permitam a continuidade, inovação e vivência para as religiões “pagãs”. Se trata não de dominar a Cultura, mas de assegurar espaços na Cultura. Espaços estes que assegurem as condições para brotarem a excelência e o que há de melhor em cada uma delas (das religiões étnicas indo-europeias).

A ideia básica é que aproveitemos as oportunidades que temos de criar espaços próprios e os criemos, do melhor modo possível. Não deixemos que outros criem por ou para nós, cuidemos nós mesmos de batalhar por nossa permanência e excelência, não nos tornemos passivos e reféns de políticas de vitimismo e minorias. Tratemo-nos de nos fortificarmos, não de nos acomodar como vítimas minoritárias indefesas, carentes de “proteção” governamental ou da piedade alheia. É razoável supor que ninguém, a não ser nós mesmos, estará genuinamente interessado na nossa melhora, nossa melhora em si mesma. Há os que demonstram ou se interessam por isto, visando nos instrumentalizar para suas causas políticas. Mas um interesse desprovido de interesses (deste tipo) creio que melhor brotará de nossas próprias fileiras.

8. A produção cultural possui vantagens óbvias uma vez que permite agregar pessoas e forças independentemente de eventuais diferenças ideológicas e filosóficas. Sem contar que atrai mesmo pessoas de fora da comunidade pagã, como pessoas ligadas a subculturas juvenis e/ou ateus/agnósticos simpatizantes. A experiência estética que pode ser proporcionada pela produção cultural não só, tradicionalmente, possui um caráter sacro em si, como desperta uma dimensão pragmática e social importante que não deve ser desprezada ao pensarmos em nossa continuidade e melhora. Daí que, parece razoável crer que a produção cultural é um instrumento eficaz, além de historicamente coerente, para a preservação e melhora (qualitativa e quantitativa) de nossas religiões. Nisto (na importância do aspecto cultural) tendo a concordar com gente como Brendan Myers e Alain de Benoist.

9. A produção cultural pode agir em várias áreas, por exemplo:

  • Jornalismo: como já falamos no nosso áudio inaugural [antigo Podcast que inventamos], é extremamente viável e concreto a existência de portais de notícias operantes de fato. De notícias gerais e não apenas de pequenos acontecimentos nos nichos relacionados ao paganismo. Que haja isto também, mas não só isto. Há espaço para as mais diversas orientações ideológicas dentro de uma mesma religião pagã e isto pode refletir-se em tal mídia. As condições materiais (fácil acesso a internet, etc.) e técnicas (pessoas qualificadas) e espirituais não faltam. Creio que além de pequenos portais, possa haver um portal de ambições maiores – de ser um dos grandes sites de mídia virtual no país. Não consigo ver o motivo disto ser inviável. Tu, sujeito com formação, ou experiência, nesta área (Jornalismo, Propaganda, etc.), que tal pôr as mãos à obra?
  • Universidade: é importante, igualmente, estar presente no meio acadêmico, em cada nicho possível e imaginável – não para confundir a produção científica com teorias metafísicas e concepções religiosas, mas para aproveitar o que a academia pode nos oferecer para nossas fundamentações e projetos. Além de que há, entre acadêmicos, muitas vezes, uma maior receptividade a certas concepções religiosas. Por outro lado, há muito sentimento de pedantismo e ridicularização da vivência religiosa do que se considera uma “religião morta”, como de qualquer coisa que possua alguma ligação com o esoterismo ou coisas afins. [Além, claro, de persistirem em certos ramos acadêmicos leituras enviesadas ou cripto-cristãs que mereçam ser desmascaradas e revistas intelectualmente]. Isto, claro, reflete uma série de coisas que não cabe aqui retomar. As Humanidades tendem a ser mais facilmente “infiltradas” – História, Sociologia, Geografia, Psicologia, Letras, etc. Cada uma terá seu espaço para estudo de alguma época, local, literatura ou pensador (ou idéias) que esteja relacionado com o paganismo histórico ou que seja proveitoso ao moderno. Aumentemos nossa presença nos grupos de estudos, fundemos (ou participemos da fundação) de grupos novos, núcleos, eventos, aproveitemos os espaços públicos das universidades para atividades relacionadas (mini-cursos, palestras, conferências, mesas-redondas), etc. [Desde que não percamos o fio da meada e não caiamos no proselitismo doutrinal ou na desvirtuação do sagrado espaço de estudo, como a Esquerda tão grotesca e caricata tem feito em nosso país].
  • Corporações Militares: particularmente sou grande defensor de que devemos aumentar nosso número (atualmente inexpressivo) e influência nas corporações militares, não apenas por serem maneiras de expressão de um ideal religioso (moral heroica, militarismo, etc.), mas por possibilitarem também uma presença estrategicamente importante. Creio, convictamente, que um soldado pagão seja um sujeito religiosamente muito mais coerente que um cristão, por exemplo, como já tratamos noutras ocasiões. Assim como acredito que precisamos incentivar e apoiar nossos camaradas a entrarem nas corporações militares, desde que despertos em sua natureza de guerreiro.
  • Artesanatos: precisamos aumentar e profissionalizar ainda mais a produção de artesanatos de cunho étnico indo-europeu. Cada religião possui sua parafernália e símbolos próprios que requerem artesãos e pessoas de ofício. Lembremos que os produtores foram (e eventualmente ainda o são) mais numerosos, em termos de natureza. Incentivemos os artesãos locais, compremos deles, possibilitemos que expandam seus blogs/sites, que possam trabalhar de modo cômodo. Num certo sentido, todos os que são trabalhadores nos setores de produção (agrícola, industrial, entretenimento/cultural, etc.) são pessoas de ofício, apesar de sujeitos especialistas distinguirem-se mais, como é natural. Como já falamos noutra ocasião, é crucial apoiar produtores e uma “economia” pagã, inclusive com protecionismos, é importante ter a consciência de que por mais que um sujeito não ideologize (ou ache inapropriado) a economia, existem outros que o fazem, e o utilizam para fortalecer suas religiões ou causas políticas adquirindo poder real. Não se trata de favorecer métodos perversos ou tendências espirituais daninhas, mas de reconhecer a realidade de que se não nos protegermos neste quesito também, ninguém nos protegerá – ou que pelo menos cabe melhor a nós mesmos, que a outros a nossa proteção.
  • Música: precisamos de grupos musicais decentes em cada nicho estilístico. O Rock é obviamente o espaço sonoro mais facilmente “ocupável”, sendo que já há bandas pagãs em atividade em nosso país. Desde o metal extremo até estilos mais classicamente instrumentalizados pelas ideologias de Esquerda (como HardCore, etc.). Precisamos de bandas e bons músicos em cada religião – grupos ásatruars, helenistas, novo-romanos, iberoceltistas, etc. Há espaço para gente talentosa e estou convicto que há tal tipo de gente em nossas fileiras. Além do Rock, creio que mais gente deva investir em música regional (Folk) e de alta cultura (sim, música Clássica!); para ser franco, creio que a presença e produção nestes últimos gêneros é basilar e provedor de “substância espiritual” para os subgêneros do Rock. A abertura de divulgação que a internet possibilita oferece todas as ferramentas necessárias para tal. Temos de estar presentes nos circuitos musicais do Underground, nos circuitos universitários mais abertos e num circuito próprio. Então, que tal formar um grupo musical?
  • Vídeos: a produção videográfica nestes tempos foi altamente facilitada, assim como a divulgação, graças a Internet. Para cada religião indo-europeia (e eventuais vertentes) precisamos de Vlogs de qualidade, curtas, e quem sabe um dia, longas metragens. A criação de um circuito alternativo que produza e reflita sobre tal produção é algo perfeitamente viável. Novamente, há gente qualificada para isso e creio que também não faltam idéias e abordagens.
  • Gastronomia: a produção de manjares é essencial ao todo das religiões Indo-Europeias, seja para o contexto comunitário do banquete festivo cerimonial, seja nas tradições puramente domésticas ou nos sortilégios pessoais. É importante ter sites específicos e funcionais (o mais profissionais e esteticamente agradáveis possível) de compartilhamento gratuito de receitas, seja de comidas ou de bebidas; assim como (num futuro próximo) empresas “pagãs” que produzam alimentos especializados (bebidas em especial – como o hidromel – são já um mercado visivelmente crescente). As redes sociais podem ajudar e muito na visibilidade e divulgação alternativa. Há um nicho de mercado que se forma (e que tende a aumentar) e que seria melhor ocupado pelos próprios pagãos que se comprometam com mercado justo e organicidade (e não por mercenários ávidos e somíticos agentes mercadológicos).

10. O sentido de voluntarismo e cooperação que o trabalho cultural exige, não é algo distribuído uniformemente entre as pessoas, como deve ser óbvio de se aferir. E mesmo haverá aqueles que se indisporão a tal, pelo simples fato de quem o convida a tal, ser alguém com o qual não se nutra simpatias. O mesmo pode ocorrer a respeito não de pessoas, mas de correntes ou mesmo de religiões. Creio que é interessante ressaltar que não se trata de um trabalho que trará glória a fulano ou a beltrano, ou a corrente x, mas sim, a cada religião específica. Ou seja, o sujeito que se “amarra” por considerar que seu trabalho beneficiará gente com quem não simpatiza (por n motivos, justos ou não) não está percebendo bem o que digo aqui; não estou dizendo que “trabalhe” para estas pessoas; mas estou incentivando que cada um trabalhe em prol de sua fé, a priori; e se isto, por ventura, vier a beneficiar outros (inclusive pessoas com as quais não se simpatize), sob uma perspectiva global, isto não é tão ruim quanto parece. A ideia é de um trabalho em prol de cada religião, prioritariamente, feito pelos religiosos eles mesmos, entre si mesmos, se isto beneficiará a todas as religiões desta “família” ou a comunidade mais ampla, é uma consequência, algo secundário – apesar de benéfico de uma visão mais distante – e neste momento do andar da carruagem, talvez não seja nossa prioridade.

11. Um trabalho cultural, para que seja realmente funcional e uma manifestação autêntica de forças mais profundas, deve ser precedido, crucialmente por um trabalho metafísico – que é o trabalho de fundamentação metafísica de cada religião [especialmente no caso das revividas/renascidas a partir de uma tradição fragmentária e escassa]. Mais importante, do que sair por aqui pondo em prática estas diretrizes é informar-se sobre a fundamentação metafísica de sua religião. Caso o sujeito não seja uma pessoa de uma natureza intelectual/sacerdotal, isto pode ser feito consultando o respectivo sacerdote ou intelectual [ou referência em tais assuntos]. Ou seja, para deixar claro, o espalhamento cultural (o “fronte da cultura”) será brioso e genuíno se estiver embasado nas raízes tradicionais da árvore metafísica de cada religião, sendo uma manifestação visível dos princípios invisíveis, como uma folha é das raízes. Nisto me distancio muito de gente que tenha um apego filosoficamente mais aberto ao agnosticismo ou ateísmo, como um Brendan Myers, e me aproximo definitivamente do pensamento tradicional. O culto aos deuses (no sentido ortoprático e tradicional) é o que importa, pois dele se origina as manifestações culturais mais genuínas e a arte mais excelsa: a Religião funda a “Cultura”.

12. Daí que antes do trabalho para a cultura mais ampla, há o trabalho para a comunidade religiosa orgânica. Primeiro, temos a fundamentação filosófica e metafísica (que pelo menos no nosso caso, cá entre os Brigaecoi, é algo a ser feito oralmente e presencialmente) [atualmente, na verdade faz uns 2 para 3 anos já, estamos um tanto quanto parados no quesito de cursos e palestras], a operação litúrgica regular e prática da religião, os símbolos alicerçados, a via demarcada, testada pelo Tempo e pela Fortuna (sorte), para além das conversas e elogios transitórios. Isto não acontece do Dia para Noite. Nestes tempos, é fácil supor que se possa apreender tudo pelos contatos virtuais ou supor que se é parte de uma comunidade de fato por estar em um grupo numa rede social ou ter boas relações com pessoas distantes e de pensamento aparentado. Insisto que estejamos atentos a tal ilusão. Numa precisão real, aqui e agora, tal sujeito perceberá o quão só se encontra – uma solidão, que no pior dos casos, pode custar a vida.

É inútil a imagem pomposa e “de sábio”, se na hora H, a ação é mesquinha e demonstra a mesma “topeirice” previsível do comum. Além de que tais caminhos demagógicos, para aqueles que os percorrem, podem constituir um grilhão ao próprio demagogo, uma vez que a preocupação com o agrado do “público” , ou em não destoar da maioria (nos tempos facebookianos, receber “curtidas” e comentários sempre elogiosos e “babões”), será pesaroso e, para grandes coisas, provavelmente contra-produtivo. Os que cultivam um simulacro de si no mundo virtual e arregimentam um secto a partir disto, possuem um secto iludido, que os abandonará quando confrontado com a realidade inescapável. Insistimos na organicidade das relações, na comunidade concreta, na realidade ante a virtualidade. Não se trata de uma dicotomia moral, mas da defesa de que o virtual deve estar ancorado no real, insisto, não por “moralismo”, mas por concretude, sagacidade, vitalidade, força – é uma questão de prioridade estratégica, não de valoração maniqueísta.

13. Outra advertência importante – apesar de banal – derivada do dito acima, é que não adianta uma pessoa ou meia-dúzia delas saírem multiplicando “blogs” (que referem uns aos outros) e sites na internet para aumentarem sua presença no mundo virtual se isto não corresponder, de alguma forma, a realidade. É o velho narcisismo facilitado pela ultra-modernidade em operação aí. É contra produtivo criar tais ilusões – utilizemos este tempo para criar concretude, algo durável pelos anos a frente, algo que mesmo que um dia no futuro seja feito em ruínas, possa despertar a admiração e o respeito.

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